Luís Fernandes é DJ, designer gráfico, realizador e apresentador de rádio, cuja paixão pela música moldou uma das mais duradouras expressões do rock em Angola: o lendário programa Volume 10. Nascido no Lubango, Huíla, a 29 de julho de 1975, é filho de mãe portuguesa — fã dos Beatles — e pai angolano — fã de música clássica —, Luís cresceu imerso em influências musicais marcantes, e foi o irmão Pedro, baixista e membro da banda Os Mutantes, quem despertou nele a veia rockeira.
No dia 11 de novembro de 1995, a convite da FM Estéreo, Luís Fernandes iniciou a sua jornada radiofónica através de uma participação especial no programa Kurtaki (programa histórico da RFM, com Mi Faria e Luís Salavisa), ao lado de Rui Wakiva e Jacinto da Luz. Apenas quinze dias depois, nascia o Volume 10, um programa dedicado ao rock que viria a dar voz a um género ainda pouco explorado na rádio angolana.
Ao longo de quase três décadas de emissão, o Volume 10 consolidou-se como um verdadeiro bastião cultural — sobrevivendo a mudanças de nome, cancelamentos, perdas de estúdio e escassez de material. Luís Fernandes liderou o programa com coragem e criatividade, improvisando com cassetes, vinis e discos adquiridos até em mercados populares como o Kinaxixi. A música, para ele, era mais do que conteúdo: representava resistência, identidade e uma profunda ligação emocional.
Com o passar dos anos, Luís, Henda Slash Lenine e Mauro Rocker aprimoraram o formato do programa. Por ali passaram várias pessoas, todas deixando a sua marca, mas mantendo sempre vivo o espírito do Volume 10. Tornou-se uma referência incontornável do rock angolano, transmitido aos sábados das 18h às 20h e, durante muitos anos, também de segunda a sexta-feira, das 16h às 17h, na RFM 96.5.
Luís descreve-se como um apaixonado por música, alguém que se entrega de corpo e alma ao que faz. Ainda hoje afirma: “Se eu pudesse viver da rádio, fá-lo-ia.” Casado e pai de família, aprendeu a equilibrar as responsabilidades com as paixões — e o Volume 10 sempre o acompanhou ao longo desse caminho.
Em 2022, após 27 anos à frente do projeto, Luís anunciou a sua saída do programa, motivado por divergências com a direção da rádio e pela falta de respeito pelo percurso construído. Na despedida, emocionado, agradeceu aos muitos colaboradores e figuras essenciais que tornaram a história possível: Rui Wakiva, Jacinto da Luz, Henda, Mauro, Yara Pais, Fidel Shadow e tantas outras vozes que ecoaram naquele estúdio. Recordou também, com carinho, os ex-diretores da FM Estéreo e figuras emblemáticas como Fátima Fernandes, Mi Faria e Luís Salavisa.
O Volume 10 seguiu por mais algum tempo — já fora da grelha da atual Rádio Cultura Angola — sob a liderança de Henda Slash Lenine, Mauro Rocker e Luísa Alexandra, mantendo acesa, enquanto pôde, a chama que Luís acendeu em 1995: um espaço onde o rock encontra morada, onde a música conta histórias e onde a sinceridade é compromisso.
A vontade de continuar a dar voz ao rock, com liberdade, respeito e autenticidade, levou à criação do Rock Marginal, um projeto realizado e produzido por Luís Fernandes, Henda Slash e Luísa Alexandra.
A primeira edição foi para o ar a 19 de outubro de 2025, na Rádio Marginal 104.4 FM, marcando o início de um novo capítulo na história do rock angolano. Mais do que um sucessor espiritual do Volume 10, o Rock Marginal nasceu como uma afirmação: o rock continua vivo, relevante e necessário.
No Rock Marginal, Luís voltou a unir clássicos, novas bandas, entrevistas e cultura rocker, preservando a missão que carrega desde 1995: dar ao rock o espaço e o respeito que ele merece na rádio angolana — agora com energia redobrada.