Luís Kandjimbo é o pseudónimo literário de Luís Domingos Francisco. Nasceu em Benguela, em 1960, onde fez os estudos primários e liceais. Nos finais da década de 70 exerce jornalismo na Rádio Nacional de Angola. No princípio da década de 80, dada a sua paixão pelas artes e letras, parte para o Lubango onde frequenta o primeiro ano na então Faculdade de Letras, que viria a ser extinta logo depois. Daí regressa para Luanda onde estuda direito, a par de intensa actividade de publicista no Jornal de Angola.
Publica neste matutino diversos ensaios, entre os quais se destacam “A literatura negro-africana e o seu espaço útil” e “A dimensão histórico-literária de Agostinho Neto”. Data dessa época como investigador a colaboração com o Centro de Investigação Histórica de Angola, o actual Arquivo Histórico do Ministério da Educação e Cultura.
Em 1987 publica o seu primeiro livro de ensaios “Apuros de vigília” e em 1998, o segundo, intitulado “Apologia de Kilitangi”. Publicou dois livros de poemas, sendo o primeiro dos quais “A estrada da secura”, menção honrosa do Concurso Sonangol de Literatura. Tem igualmente publicado um livro de contos: “Os noctívagos e outras estórias de um benguelense”
Sobre o seu primeiro poemário escreve Kandjimbo: “A estrada da secura” é um livro totalmente escrito em Benguela e reflecte o meu estado de espírito, durante o período mais longo que permaneci na terra natal, após uma década de ausência, em que conheci várias províncias do país e alguns dos países do mundo. Por isso, está profundamente marcado pela desolação a que me sujeitei, sofrendo privação de liberdade, observando trágicos acontecimentos e os mais perversos comportamentos das mulheres e dos homens, sob o peso predador que devorava a paisagem e a geografia do lugar onde nasci e cresci.”
Entre 1999/2000 foi editor da “Gazeta Lavra e Oficina” da UEA, enquanto que de 2001 a 2002, realizou e apresentou o programa literário da TPA, “Leituras”. Tem um site sobre literatura angolana, com o seu nome, num provedor de Internet angolano. Actualmente é adido cultural da embaixada de Angola em Portugal.
O escritor Domingos Van-Dúnem, na orelha da capa de “Apologia de Kalitangi”, sublinha o seguinte: “O breve percurso da História põe em evidência o facto que desejamos sublinhar. Dentro da ordem cronológica seguida, surge-nos Luís Kandjimbo, com o seu trabalho, a lançar o amadurecimento que aponta para a emancipação da literatura angolana”.
E como resultado da sua leitura e comunhão de ideais, Van-Dúnem, lança o seguinte apelo: “Proponho, altivamente, a eliminação da “crioulidade”. A “crioulidade” deve ser tratada no quadro das etapas históricas, que exigem o inventário e o estudo e uma arrumação contínua e progressiva, libertando-a das amarras em que se insiste e projecta” (...) deixo ao leitor o estudo minucioso e atento do trabalho de Luís Kandjimbo. É a denúncia, vigorosa de certas estruturas de pensamento ainda prevalecente em Angola. É obra para ler e reler com consciência. (...)Luís Kandjimbo vem frontalmente ao debate. E oxalá que parceiros naturais entendam o chamamento.”
A propósito do percurso ensaístico de L. K, Leonel Cosme, referindo-se ao movimento de conhecimento e análise da literatura angolana diz o seguinte:
“Mário Pinto de Andrade(...) deixou seguidores. Distinga-se a santomense Inocência Mata e o angolano Luís Kandjimbo, jovens ensaístas da nova geração que recusam o “crioulismo” para qualificarem uma identidade nacional assumida na plenitude da história e da cultura “africanas”, sem “síndromas lusitanos”.
Fonte:União dos Escritores Angolanos
Luís Kandjimbo