O espaço geográfico, a posição social, a faixa etária, o género são alguns dos elementos que levam a reconhecer a heterogeneidade linguística e quebrar a ideologia monolingue que impera nas escolas e que tende a unificar a língua portuguesa que se fala em Angola tendo como pressuposto a "norma”. Que norma? Norma para quem? Que implicações a defesa da norma "certo” e "errado” acarreta na vida do aluno e da sociedade?
A gramática normativa em uso em Angola tem como base um contexto. A norma que impõe o "certo” e o "errado” adopta o modelo monolingue, monocultural, que promove a desigualdade social e linguística. Norma que segrega em vez de agregar a variação linguística da realidade angolana. Mas certa para quem? Precisamos perceber que a variação linguística admite vários usos dos recursos expressivos que se encontram à disposição dos falantes.
De acordo com Bernardo (2017) em seu artigo "Norma e variação linguística: implicações no ensino do português em Angola”, a confluência linguística característica do país acarreta, por exemplo, implicações no ensino, se se ter em atenção que as interferências vindas do contacto linguístico do português com as línguas nacionais dão azo à variedade do português, com suas particularidades nos campos lexical, fonético-fonológico, construções sintácticas, morfológicas e semânticas, logo, sem como ater-se à norma do português europeu.