Chega a Angola no Dia do Herói Nacional e tem como primeira actividade uma homenagem ao Fundador da Nação e primeiro Presidente do país, Dr. Agostinho Neto, hoje, no Largo da Independência, em Luanda. Escolheu a data de propósito?
Sabe que, às vezes, o destino traça a hora. É um gesto simbólico que vou fazer, ao render homenagem ao primeiro Presidente de Angola. Creio ser a primeira vez que um Primeiro-Ministro português estará no dia 17 de Setembro, com toda a sua particularidade. Tem uma dimensão política. Isso significa que reconhecemos que a fundação e a Independência de Angola é parte do nosso próprio processo de libertação da ditadura colonial. Não são duas lutas, esta pela liberdade. Foi apenas uma luta em várias frentes.
Nunca uma visita de um Primeiro-Ministro português foi tão mediatizada e esteve envolta de muitos comentários e reacções durante meses, por conta dos últimos desenvolvimentos nas relações de cooperação. Acha que fazia sentido?
Não faz sentido termos ficado sete anos sem ter havido uma visita de um Primeiro-Ministro luso a Angola e estarmos a aguardar, há oito anos, uma visita de um Presidente de Angola a Portugal. As nossas relações têm uma grande proximidade política. Foram muito importantes, ao longo deste ano, os diferentes encontros que fui tendo com o Presidente João Lourenço, em Davos (Suíça), à margem do Fórum Económico Mundial, em Abidjan (Costa do Marfim), na Cimeira África-Europa, e na Cidade da Praia (Cabo Verde), na Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Em todos esses encontros, foi muito visível como a cooperação política e o bom nível de relacionamento entre os nossos dois países é essencial para dar ânimo e confiança à cooperação política, aos agentes económicos e aos nossos povos. Angola é um país que é dos nossos mais importantes parceiros económicos. Veja que temos em Angola cerca de 150 mil portugueses e, em Portugal, estão quase 20 mil angolanos. Portanto, há sempre uma relação muito forte e, quando estas visitas não se concretizam, torna-se muito difícil a cooperação.