A mostra, com 13 objectos produzidos entre 2016 e 2018, dos quais sete são inéditos, traz inovações do ponto de vista criativo e estético, com a introdução de símbolos químicos, como o zarcão, na produção escultórica, por ser um composto que combate a ferrugem e a forma metafórica de criticar certas práticas.
Os novos trabalhos do artista mostram a urgência e “a imperativa necessidade deste ter um posicionamento político, como resposta aos problemas crescentes, com agravamento das condições financeiras em Angola”, mas sempre na perspectiva de empoderamento colectivo.
A exposição, patente até o dia 9 de Novembro, realça a estética do artista, mantida através da fusão da urbanidade, com elementos do universo ancestral da escultura africana, que o levam a procurar por respostas para algumas inquietações.
Para a investigadora do Instituto de História de Arte da Universidade Nova de Lisboa, Raquel Ermida, “o estado de mutabilidade do desenho de Hildebrando de Melo está muito preso com o domínio do ritual e elementos tribais do artista, assim como o interesse deste pelo potencial metafísico de transformação através da arte.”
O artista, continuou, recorre a figurações híbridas de organismos vivos e criaturas mitológicas, “fruto de um imaginário próprio que reinventa permanentemente. Há um traço consensual à crítica na obra do artista, que gosta de dissecar a ‘condição humana’. Hildebrando é um observador exímio da espécie humana.”