Num cenário altamente coreografado na Praça Tiananmen, em Pequim, o presidente chinês Xi Jinping liderou esta quarta-feira o maior desfile militar da história recente da China, acompanhado por dois convidados de peso: Vladimir Putin e Kim Jong-un. O evento, que assinalou os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, foi uma demonstração clara de força — tanto militar como diplomática — e uma mensagem direta ao Ocidente.
Com mais de 50 mil espectadores e 10 mil militares em formação, a China apresentou ao mundo o seu arsenal mais avançado: mísseis intercontinentais, drones submarinos, forças espaciais e cibernéticas, e até um “lobo robótico” armado. Entre os destaques estiveram os mísseis Dongfeng-5C, com alcance global, e os hipersónicos Yingji-21, capazes de penetrar defesas com precisão e velocidade.
Xi Jinping, vestido com o tradicional fato Mao, percorreu a avenida Chang’an num carro descapotável, saudando as tropas e inspecionando o equipamento militar. No seu discurso, alertou que a humanidade enfrenta novamente a escolha entre “paz ou guerra, diálogo ou confronto, ganhos mútuos ou jogos de soma zero”, sublinhando que o povo chinês “está do lado certo da história”.
A presença de Putin e Kim — ambos isolados pelo Ocidente devido à guerra na Ucrânia e às ambições nucleares da Coreia do Norte — reforçou o simbolismo do momento. Os três líderes caminharam juntos sobre o tapete vermelho, trocando cumprimentos e sorrisos, numa imagem que muitos analistas consideram um desafio direto à ordem internacional liderada pelo Ocidente.
O desfile encerrou uma semana de intensa atividade diplomática na China, com Xi a receber dezenas de líderes em Tianjin, promovendo alianças com países do Sul Global e reforçando o papel da China como alternativa a blocos como a NATO. A campanha tem sido impulsionada por anos de tarifas comerciais e políticas voláteis dos EUA, especialmente sob a presidência de Donald Trump, que reagiu ao evento com sarcasmo nas redes sociais.
Apesar das críticas, Xi Jinping afirmou que a China é uma nação “que nunca se intimida com ameaças” e que o seu crescimento é “imparável”. A mensagem foi clara: a China está pronta para liderar, com ou sem o apoio do Ocidente.
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