Nelo Teixeira nasceu em 1975, em Ambrizete, província do Zaire, Angola. É um artista plástico multidisciplinar, cuja prática abrange escultura, instalação, pintura, colagem e assemblagem, mantendo um percurso consistente entre a criação artística e a cenografia para teatro e cinema.
O seu primeiro contacto com a carpintaria ocorreu no seio familiar, onde aprendeu técnicas tradicionais de trabalho em madeira, incluindo a escultura de máscaras inspiradas na arte ancestral angolana. Essa base técnica levou-o a especializar-se também em cenografia, área em que colaborou regularmente com produções teatrais e cinematográficas, destacando-se trabalhos em filmes como Na Cidade Vazia, O Herói, Ponto de Encontro e As Bondosas.
Em 1993, decidiu aprofundar a sua formação artística através de oficinas de pintura e escultura na UNAP – União Nacional dos Artistas Plásticos, em Angola. Desde então, desenvolveu uma obra marcada pela observação crítica da sociedade contemporânea, das transformações sociais e das dinâmicas urbanas, sobretudo em Luanda. O próprio artista define a sua relação com a criação como algo sensorial e expressivo, afirmando querer “sentir o seu trabalho como a guitarra de B. B. King”.
A sua produção artística caracteriza-se pelo uso recorrente de materiais reaproveitados — madeira, metal, plásticos, tecidos e objetos descartados — integrando referências à Arte Bruta, Arte Povera e ao movimento Fluxus. Esses elementos são transformados em narrativas visuais que oscilam entre o poético e o social, abordando temas como identidade, precariedade, resiliência, ambiente e memória coletiva. A experiência em cenografia reflete-se na forte dimensão instalativa das suas obras, muitas vezes associadas a arquiteturas precárias e formas antropomórficas.
Nelo Teixeira expõe regularmente desde o ano 2000, em Angola, Portugal e Itália, tanto em exposições individuais como coletivas, com presença em instituições como o Museu de História Natural de Luanda, a Galeria Banco Económico, o ELA – Espaço Luanda Arte, e espaços independentes em Lisboa e Milão.
Em 2015, representou Angola na 56.ª Bienal de Veneza, integrando o Pavilhão de Angola On Ways of Travelling, ao lado de artistas como António Ole, Binelde Hyrcan, Délio Jasse e Francisco Vidal. Desde então, consolidou uma carreira internacional, mantendo um diálogo constante entre tradição e contemporaneidade.
Atualmente, vive e trabalha entre Angola e Portugal, continuando a desenvolver um corpo de obra atento às transformações sociais, ao território e às questões de identidade, utilizando a arte como ferramenta de reflexão crítica e reinvenção coletiva.