Carlos Manuel Abrantes José, conhecido artisticamente como Carlos Chiemba, nasceu em 4 de maio de 1962, no bairro Maxinde, na cidade de Malanje, Angola. Reconhecido como um dos baixistas mais carismáticos e influentes da música angolana, Chiemba construiu uma carreira marcada pela inovação, versatilidade e contribuição decisiva para o desenvolvimento do semba moderno.
Iniciou sua jornada musical ainda na juventude, tocando guitarra em sua terra natal. Com o tempo, migrou para o baixo elétrico, instrumento com o qual se tornaria referência incontornável no cenário musical angolano. Nos anos 1980, integrou o conjunto Central das Forças Armadas “O FACHO”, ligado às FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola), onde foi mobilizado em 1992.
Nesse mesmo ano, partiu para Portugal, onde se juntou ao grupo Kussondulola, liderado por Eduardo Paim, ícone do reggae lusófono. A parceria com Paim foi duradoura e produtiva, consolidando Chiemba como músico de estúdio e de palco. Em 1994, participou da fundação da banda Semba Masters, dedicada à valorização e modernização do semba em território europeu.
Ao longo de sua carreira, Carlos Chiemba tocou e gravou com uma vasta gama de artistas angolanos, incluindo Lamartine, Carlos Burity, Bonga, Irmãos Almeida, Voto Gonçalves, Joy Artur, As Gingas, Puto PT, Yuri da Cunha, entre outros. Gravou todos os álbuns do grupo As Gingas e é autor da icônica linha de baixo da música “Ngapa”, dos Irmãos Almeida — considerada uma das mais marcantes da música angolana.
Entre os anos 1990 e 2000, Chiemba foi amplamente reconhecido como o baixista mais influente do país, sendo apelidado por colegas como o “pai do swing do semba moderno”. Segundo a também baixista Eduina Semedo, Chiemba introduziu técnicas inovadoras como o prolongamento de notas arrastadas, inspiradas no rock’n’roll e em músicos como George Décimus, da banda Kassav. Essas inovações deram origem a uma nova sonoridade no semba, marcada por fluidez, groove e sofisticação rítmica.
Apesar de sua importância histórica e musical, Carlos Chiemba ainda não recebeu uma condecoração oficial por sua contribuição à cultura angolana. Eduina Semedo expressa esse sentimento com emoção: “Se eu pudesse pedir, pediria a tua homenagem e condecoração, Carlos Chiemba.”
Hoje, Carlos Chiemba permanece como uma figura respeitada e admirada, cuja obra continua a influenciar gerações de músicos e a enriquecer o legado do semba angolano.