Zé Túbia, nascido em 27 de dezembro de 1973 na cidade do Lobito, província de Benguela, é um artista angolano, nadador paralímpico e ativista internacional contra minas terrestres. Atualmente vive em Londres, Reino Unido, onde continua sua missão artística e humanitária ao lado da esposa Sandra Reis, com quem é casado desde 25 de agosto de 2005.
A sua história é marcada por uma virada trágica e transformadora. Aos sete anos de idade, durante uma brincadeira inocente com amigos, Zé Túbia sofreu um acidente com uma granada que lhe tirou os braços. O objeto, confundido com um brinquedo, explodiu em suas mãos, mudando para sempre o curso da sua vida. Sem a presença da mãe naquele momento, foi socorrido por vizinhos e levado ao hospital, onde passou dois meses em recuperação.
O trauma físico e emocional foi profundo, mas Zé Túbia encontrou forças na arte. Aprendeu a desenhar com os cotovelos, criando barcos, aviões e paisagens que expressavam sua imaginação e resiliência. A escola tornou-se um espaço de superação, onde reconquistou a confiança dos colegas e reafirmou sua vontade de aprender. Concluiu o ensino médio, embora as dificuldades financeiras tenham limitado seus estudos superiores.
Em casa, descobriu o desporto adaptado e, mesmo sem braços, aprendeu a nadar. Em 1998, recém-casado, mudou-se do Lobito para Luanda em busca de trabalho. Foi acolhido pela ONG LARDEF, que o incentivou a competir como nadador paralímpico. Treinando na piscina de Alvalade, representou Angola nos Jogos Pan-Africanos para Pessoas com Deficiência, realizados em Joanesburgo em 1999.
A sua paixão pela pintura nunca cessou. Em 2000, suas obras foram exibidas durante o segundo aniversário do Tratado de Ottawa, que combate o uso de minas terrestres. Convidado a Genebra, Zé Túbia expôs suas pinturas e partilhou sua história com líderes internacionais. Nesse evento, viveu um dos momentos mais marcantes da sua vida ao conhecer Sir Paul McCartney, ex-integrante dos Beatles, que elogiou sua arte e coragem. Uma das obras apresentadas mostrava uma guitarra flutuante entre cotovelos, simbolizando o sonho de tocar com as mãos que perdeu.
Zé Túbia tornou-se uma voz ativa na luta contra as minas terrestres, usando sua arte como instrumento de denúncia e esperança. Suas pinturas, intensas e emotivas, retratam o sofrimento do povo angolano e clamam por um futuro livre de explosivos.
Além de sua atuação como ativista e artista plástico, Zé Túbia tem conquistado reconhecimento com os temas “Conversa na Esquina” – partes 1, 2 e 3, composições no estilo semba que misturam crítica social, poesia visual e uma profunda conexão com a identidade angolana. Essas obras musicais refletem o olhar sensível e engajado do artista sobre o cotidiano, os desafios e os valores da sua terra natal, reafirmando sua versatilidade criativa e o compromisso com a memória cultural de Angola.
Hoje, Zé Túbia continua a inspirar pessoas em todo o mundo com sua mensagem: “Fé em Deus + força de vontade = sucesso.” Para ele, o que importa não é o que se perde, mas o que se constrói com o que resta.