Marcelo Otiepser, nome artístico de Marcelo Sunda Meza, nasceu em 25 de junho de 2000, às 12h, numa tarde de domingo. Natural do Cazenga, Angola, foi carinhosamente chamado de Caleb na infância. Cresceu no Bairro Palanca, onde aprendeu a falar Lingala e viveu entre a escola, a igreja e sua paixão de infância: o futebol. É sobrinho de Zeca Langa, ex-jogador dos Palancas Negras, o que reforça suas raízes no talento e na expressão cultural angolana.
Aos 12 anos, iniciou um período de constantes mudanças, conhecendo diferentes zonas e províncias do país, consequência da separação dos pais aos 4 anos. Cresceu sob os cuidados da mãe, com o pai cada vez mais distante. Aos 13 anos, passou a viver na cidade, onde foi fortemente influenciado pelo rap. Começou a escrever suas primeiras letras como forma de refúgio emocional, embora sua natureza calma o impedisse de gravar de imediato. Aos 16 anos, um episódio familiar marcante despertou uma profunda revolta, que canalizou para a música. Aos 17, gravou suas primeiras faixas e nunca mais parou.
Sua trajetória musical começou oficialmente em junho de 2017 com a faixa “Intro”, que marcou sua estreia, embora não esteja mais disponível nas plataformas digitais. A primeira música reconhecida é “Orientador”, que lhe trouxe notoriedade. No entanto, foi com “Respeito”, colaboração com Seven Lamar (Adriano Tchitacumula), que Marcelo se destacou como artista. A importância dessa faixa foi tão significativa que inspirou o nome artístico Otiepser, uma inversão da palavra “Respeito” — escrita do fim ao início.
Marcelo encontrou no rap a forma mais direta de expressar os sentimentos intensos que o moviam, especialmente a raiva durante os períodos difíceis da adolescência. Suas letras iniciais eram agressivas e carregadas de emoção. Entre suas influências, destacam-se o rapper NGA, que o fez apaixonar-se pelo rap como um legado a seguir, e o cantor Tio Edson, que o inspirou a cantar pela leveza e diversão que transmitia.
O reconhecimento público começou no Colégio Mandumbo, na Samba, onde sua presença impulsionou a visibilidade e conectou-o com novos públicos. Durante o ensino médio, especialmente entre 2019 e 2020, Marcelo tornou-se bastante popular, consolidando sua presença no cenário musical angolano e iniciando sua jornada na chamada Nova escola da música urbana.
Seu repertório musical é composto por três projetos principais: a MixTape “Otiepser”, com 8 faixas, incluindo “Orientador”, “Respeito” e “Presente”; a EP “Roma”, com 7 faixas, entre elas “Letras Num Papel”, “Suportaste”, “Nguindo Zivangamené” e “Tempo Perdido”; e o álbum “Nova Era”, atualmente em produção com 12 faixas, que já conta com composições bem recebidas como “Saudades”, “Confessionário”, “Brincadeira Séria” e o recente “Not Flex”.
Além da música, Marcelo atua em outras áreas criativas. É modelo, ator, promotor de eventos e agente artístico. Sua carreira como ator começou após uma participação no programa “Na Placa!”, onde chamou a atenção do estilista Adérito Messi, que o convidou para apresentar peças de moda comercial em cadeias televisivas. Como ator, participou num videoclipe da Ébano Produções, interpretando o papel de vilão ao lado de nomes como Weslley Madrugada, Team Madrugada e Jay Oliver.
Na área de eventos, Marcelo atua como promotor desde 2016, sempre com um estilo próprio que atrai bom público. Como agente artístico, aproveitou as oportunidades que surgiram para apoiar outros talentos, criando uma rede colaborativa chamada Pimparia Agency — ainda em fase interna, mas com potencial para crescer e recrutar mais artistas no futuro.
O ponto mais alto da sua carreira até agora foi ter alguém querendo tatuar o seu nome — um gesto que, para Marcelo, simboliza o impacto emocional e cultural que sua arte já alcançou.
O ponto mais baixo da sua trajetória foi enfrentar inúmeras portas fechadas no início da carreira, mesmo tendo talento evidente. A frustração de não ser reconhecido logo de início marcou profundamente sua caminhada. No entanto, Marcelo compreendeu que tudo fazia parte de um processo necessário — uma etapa de amadurecimento e construção. Essa fase difícil tornou-se combustível para sua evolução artística e pessoal, moldando o artista resiliente e versátil que é hoje.
