A Amazónia está a arder e, mesmo tendo acordado tarde para o assunto, o mundo não parece, para já, querer tirar os olhos da mancha de floresta queimada que é extenso pasto para as chamas. As imagens da fúria devastadora do fogo e dos longos mantos de fumo são impressionantes, assim como as informações disponibilizadas pela NASA e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). Mas, alargando o foco, rapidamente se percebe que há densas camadas do globo em situação semelhante ou pior.
Um exercício rápido: olhar para o mapa do Global Forest Watch Fires (GFWF), um sistema dinâmico de monitorização de fogos e alerta de incêndios com informação quase em tempo real. É certo que a área correspondente à Amazónia constitui uma mancha vermelha assinalável mas o centro e o sul do continente africano estão ainda mais carregados.
O satélite Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer, da NASA, confirma estes dados: em dois dias da última semana, os incêndios em Angola (6.902) eram mais do triplo dos incêndios no Brasil (2.127). A República Democrática do Congo (RDC) também registou um número mais elevado de fogos no mesmo período: 3.395. O ministro angolano da Comunicação Social, João Melo, já classificou a comparação como “um completo nonsense”, interrogando-se como se podem “comparar queimadas, tradicionais nesta região, com o incêndio da maior floresta do mundo”.