O Níger foi o último aliado chave do Ocidente na região central do Sahel, a sul do deserto do Sahara, até que um golpe de 26 de Julho trouxe uma junta militar que apelou à saída da França.
As forças francesas já foram expulsas dos vizinhos Mali e Burkina Faso na sequência de golpes de estado nesses países, enfraquecendo a sua influência nas suas antigas colónias no meio de uma onda de sentimento anti-francês.
Agora, a sua supervisão, que há dois anos abrangia centenas de milhares de quilómetros quadrados de terreno, praticamente evaporou.
“O público nos países da África Ocidental tornou-se cada vez mais cauteloso em acolher uma presença militar ocidental”, disse Mucahid Durmaz, analista sénior da empresa de risco Verisk Maplecroft, sediada em Londres. “A saída francesa do Níger afastará ainda mais as tropas ocidentais do Sahel central.”
A retirada, anunciada pelo presidente francês Emmanuel Macron numa entrevista televisiva no domingo à noite, foi bem recebida no Níger, cuja junta a descreveu como um “novo passo em direcção à soberania do Níger”.
“As forças imperialistas já não são bem-vindas no nosso território nacional”, afirmou num comunicado.
Mas preocupa analistas de segurança e diplomatas que dizem que um aumento na insegurança no Mali e no Burkina Faso após os seus golpes de estado pode ser um sinal do que aguarda o Níger, onde militantes já mataram centenas de civis nos últimos anos. Em Dezembro, já não poderá contar com o reconhecimento aéreo, a inteligência ou o apoio terrestre francês.