Em declarações, ao Jornal de Angola, sobre as celebrações dos 354 anos da morte da soberana, a serem assinalados amanhã, João Lourenço destacou o facto de que muito da história sobre Njinga Mbande foi escrito na perspectiva do conquistador, deixando algumas verdades de parte.
Como exemplo, explicou o historiador, em alguns registos e livros espalhados pelo mundo, Njinga Mbande é descrita como uma pessoa “antropófaga”, alguém que comia carne humana, o que não é verdade.
Na sua opinião, o militar português António de Oliveira Cardonega (1623-1690) que escreveu sobre a História Geral das Guerras Angolanas e que também lutou contra a soberana do Reino do Ndongo e da Matamba, ocultou algumas verdades nos seus registos sobre Njinga Mbande.
Outro motivo pelo qual João Lourenço defende a realização de mais pesquisas sobre a soberana é o facto de existirem muitas informações dispersas nos arquivos holandeses, franceses, ingleses e do Vaticano. Com todos esses arquivos espalhados pelo mundo, de acordo com João Lourenço, vai continuar a existir motivações e interesse de pesquisadores e historiadores em publicar livros e teses sobre Njinga Mbande. A vida e a obra da soberana, afirmou o director da Biblioteca Nacional, têm sido contadas de ângulos diferentes, por angolanos e estrangeiros. “Acontece que no estrangeiro, em função das estruturas e condições, regista-se em mais quantidade trabalhos publicados, essencialmente no Brasil e Portugal em torno do tema”, disse João Lourenço.