Esta entrevista foi feita uma semana antes de seu desaparecimento físico em 15 de março de 2020 devido a doença. Fomos informados por um amigo próximo do falecimento do nosso irmão, amigo e colega desta grande profissão que é a arte.
Alguns dias atrás, aliciamos nossos leitores com a ideia de publicar o artigo que tivemos com o falecido uma semana antes de seu desaparecimento físico e todos gostariam que o fizéssemos.
A entrevista foi feita via whatsapp mas grande parte do texto foi reeditado para melhor entendimento.
O atraso na divulgação do artigo teve a ver com as fotos, depois de ambos termos ficado satisfeitos com o que tínhamos, restava a dúvida se iríamos usar fotos que já existiam ou tirar novas fotos exclusivas para o artigo. Enquanto estávamos no vai não vai, o sopro da vida veio e o levou embora.
Mas durante a nossa conversa lembro-me dele a dizer-me que se considerava um “jovem angolano de 27 anos, apaixonado pela música e que tem apoiado a música nacional”. E nisso tinha razão, pois era muito querido por muitos artistas e fãs por toda a Angola.
O nome Mil Toques “veio por conta das rodas de combate de dança, eu era dançarino e o pessoal do tempo resolveu aplicar esse nome, aí ficou”.
Passamos quase uma semana trocando mensagens falando sobre produção musical e seus detalhes e compilamos a matéria com foco em produção musical, que foi a área que ele mais gostou de fazer enquanto estava vivo. Esperamos que gostem, em memória de Mil Toques.
Lea.co.ao - Por que você parou de dançar?
MT - Na verdade, comecei a realizar outras atividades profissionais e o tempo foi diminuindo para mim, então parei de dançar por esse motivo.
Lea.co.ao - Essas atividades têm alguma relação com a produção musical?
MT - Produção musical, disc jockey e minha área privada de atuação social.
Lea.co.ao - Entre tudo isso o que mais te atraí: o que mais gostas de fazer?
MT - Gosto de fazer música
Lea.co.ao - Como começa a ideia da produção musical?
MT - Sempre tive uma grande paixão pela música e me sinto capaz de desenvolver muitas ideias, mas a produção musical era um processo necessário, pois queria ter meus instrumentos para nossas coreografias de dança.
Lea.co.ao - O que mais o atrai na produção musical?
MT - Tudo, é um mundo diferente e sinto-me confortável.
Lea.co.ao - Que software mais usa para produção musical?
MT - FL Studio para instrumentalização e Logic Pro para captação.
Lea.co.ao - Porque esta combinação?
MT - Porque são os dois programas na qual manuseio melhor e estou diariamente a lidar com os mesmos
Lea.co.ao - Sempre procurando por novos plugins ou já tem o suficiente?
MT - Nós produtores sempre precisamos ter mais plugins, nunca é o suficiente, pois cada um tem seus timbres.
Lea.co.ao - O auto tune virou febre, qual a sua visão sobre o assunto?
MT - Não sou contra usuários de auto tune, mas não uso porque sinto que o artista perde a definição de seu objetivo usando efeitos semelhantes.
Lea.co.ao - Que técnicas você usa para superar esses casos quando eles ocorrem?
MT - Aconselho os artistas a terem um grau de aperfeiçoamento musical, em que alcancem as melhores notas em qualquer momento.
Lea.co.ao - Qual é o equipamento mais preciso no seu estúdio?
MT - Todo o equipamento é necessário, em termos de CPU, monitores, placa, compressores, teclado e assim por diante.
Lea.co.ao - Mudando de assunto, como começou seu envolvimento com o Nue Wave?
MT - Nue Wave foi uma ideia da união porque eu era produtor na produtora Art Nation, músicos como: DB, e Mascy estavam fazendo carreira solo, e tivemos a fantástica ideia de fazer um projeto, eu, DB e Mascy, e depois eu trouxe um amigo que é o último elemento, Willie Baby, fizemos a primeira música do projeto e vimos que podemos fazer mais músicas juntos e até hoje temos o Nue Wave.
Estas não foram as últimas palavras com o artista, mas as últimas selecionadas para este artigo. Apelamos à família enlutada as nossas sinceras condolências e homenagem àquela que foi Mil Toques.