Ao falar sobre a obra, Manuel Rui revelou que o livro busca uma poesia livre, simples, como aquela que era feita antes de aparecer a escrita, que chega até aos dias de hoje por via de recolhas de etnólogos. Quanto ao título, explicou que pássaros são como os sonhos que brotam da realidade e ensinam valores que engrandecem as pessoas. "Acho que eles são o símbolo da liberdade, e este livro invoca exactamente essa visão. O nosso povo sempre teve poesia, essa que agora se chama oratura. A nossa poesia é uma tentativa de mais uma vez libertar a liberdade”, explicou.
Quanto a novos lançamentos, declarou que neste momento está a escrever um livro que terá como título "Marido e Mulher Antes de Deus”, bem como não deixará de escrever a série de poesias que intitula "11 Poemas em Novembro”.
Para Ondjaki, este livro simboliza a caminhada conjunta na prosa e na poesia que ambos praticam com regularidade. Entretanto, a cumplicidade não terminará com "Poemas com cacimbo e pássaros”, visto que pretendem lançar mais livros em co-autoria. "Tentaremos fazer outros livros juntos, provavelmente em prosa. É gratificante partilhar um livro com este grande escritor, que, para mim, é uma referência da literatura mundial, por ter obras traduzidas em muitas línguas e lido em várias partes do mundo”, destacou.
Por outro lado, Ondjaki criticou a fraca circulação do livro no universo lusófono, considerando um grande empecilho para editoras e autores que queiram expandir as suas obras. "Lutamos para conseguir fazer chegar este livro a Moçambique e outros pontos onde se fala a língua portuguesa”, lamentou Ondjaki.
Para este ano, a editora Kacimbo prevê publicar a sua primeira obra traduzida e será de uma autora sul-africana, feita em colaboração com uma editora moçambicana, visando uma maior aproximação com os escritores de países vizinhos. "Nós dialogamos muito pouco com os nossos vizinhos, como Kinshasa, Brazzaville, Lusaca e Windhoek”, apontou.