Mauro Neb deixa sua área de conforto e abre as cortinas
| 2017-09-20 09:44:31 | Entrevistas |
530
A década de 90s foi um período muito fértil para o género de música rock em Angola. Esta época criou muitos pesos pesado do rock nacional incluindo o Volume 10. Mais entre estas estrelas brotava uma que seria um ícone a ser lembrado para sempre na história do rock nacional. Ninguém mais do que Mauro Neb! Esta figura reservada abriu um pouco as cortinas que rodeiam o seu mundo e falou um pouco de si e do projeto neblina para LEA.
Publicado pela primeira vez em 17/10/2014
LEA - Há quanto tempo esta o Mauro Neb envolvido com o rock nacional?
MN -
Penso que desde que conheci e comecei a tocar os primeiros acordes de guitarra em sessões de “Jam” com alguns amigos em 1994-95. Depois em 2000 com a formação original da banda Neblina e oficialmente em 2006 com o lançamento do álbum da banda.
LEA - Porquê o rock?
MN -
Sinceramente também não me recordo muito bem de como aconteceu exatamente. Foi um processo progressivo no início da minha adolescência. Mas acredito que tudo começou quando alguns amigos da escola que voltavam das férias do exterior traziam algumas novidades em cassete ou Vinil do que se ouvia por lá. Alguns nomes Incluíam os Brian Adams, Iron Maiden, Scorpions, Nirvana, e Guns 'n' Roses. Senti uma grande simpatia pelo género.
LEA - Sempre foi vocalista?
MN -
Não, comecei como guitarrista e nunca deixei de o ser. Cantar começa quando o vocalista da minha banda “Velcro” em Windhoek decide sair e fui experimentando até entrar na onda.
LEA - Que técnicas utiliza para cantar?
MN -
Yah, uso algumas. A do diafragma/respiração, de relaxamento dos músculos vocais em si e nas músicas mais pesadas "grownling" de leve.
LEA - Tem preferência de microfone?
MN -
Tenho. Um que não seja tão mau. Já quanto a guitarras... LTD, Ibanez, e Jackson.
LEA - O que mais irrita você no palco?
MN -
O facto de estar a tocar e o som da banda não está a sair em conformidade ou com a mesma qualidade do “Sound Check”.
LEA - Achas que o rock nacional amadureceu, porque?
MN -
Certamente! Há mais jovens interessados em fazer música, formar bandas e a assumirem uma postura cada vez mais profissional embora continue a não ser reconhecido pelas massas internamente mas internacionalmente já há quem deixou a assinatura Rock Made in Angola.
Há os que chamam de "poser", mas isso é o resultado do radicalismo extremista que no meu ver, nunca vez bem a nenhuma sociedade quanto mais na cultura musical.
LEA - Em quantas bandas você já foi membro, poderia mencionar alguns nomes?
MN -
Já fui membro de três bandas em que fiz parte da formação original sendo Altruístas em 1996, Velcro em 1998 e Neblina 2001.
LEA - Como começou o romance com os Neblinas?
MN -
Penso que não começou como um romance mas sim como uma filosofia e transformou-se em uma pequena grande família ao longo dos anos. Foi mais uma paixão pelo género musical do que propriamente um "romance".
LEA - O que é ser um membro dos Neblinas?
MN -
Isso cada um defende um sentimento individual mas pessoalmente acho que é ser um elemento de uma família além da parte profissional e deixar que a música flua entre nós.
LEA - Que benefícios lhe trouxe a irmandade com os Neblinas?
MN -
Muitos. Amizades, novas experiências, alguma maluquice e sobretudo maturidade como músico em banda.
LEA -
Como o vocalista da primeira banda de rock a lançar um disco, que efeito tem isto em si e como isto se reflecte no seu comportamento com outros "rockers"?
MN -
Sinto-me um sorteado e ao mesmo tempo lisonjeado mas apesar de algumas pessoas acharem-me arrogante, mas na realidade é o factor ser mais reservado que tenho como personalidade. Não faço “beefs”, crítico de forma construtiva quando necessário e quando merecido, também elogio. Há os que chamam de "poser", mas isso é o resultado do radicalismo extremista que no meu ver, nunca vez bem a nenhuma sociedade quanto mais na cultura musical.
LEA - Qual foi a aceitação do vosso disco?
MN -
Para primeiro álbum de rock em Angola sem apoios em termos de promoção, até que não foi tão mal... kikikiki.... Ficamos surpreendidos no final da apresentação, ao sabermos que as vendas chegaram a passar na realidade um pouco mais de mil cópias. Claro que posteriormente foi um processo longo brotando a partir das raízes com promoção de boca à boca e o vídeo dos Filhos da Pátria.
"Na realidade não saí definitivamente, porque o objectivo do projecto não é APARECER mas sim APERECER BEM... Acredito que teremos de reproduzir um outro cacimbo no meio do verão com a física da Neblina".
LEA - O segundo disco já esta previsto faz um bom tempo, quando sai ele?
MN -
Sim, se esse álbum fosse pessoa, seria uma criança a fazer 6 anitos. Quando a restruturação interna dos elementos da banda estiver bem definida e quando estivermos prontos também ($). Ele já esta masterizado só falta reproduzir as cópias e seguir posteriormente com a promoção.
LEA - Porque vocês apostam no metal, quando o rock tem um oceano de diversidades?
MN -
Neblina, não se considera uma banda somente de Metal mas de ROCK que inclui também esse subgénero fazendo com que sejamos muitas vezes rotulados como Metal Alternativo. O nosso estilo é a fusão de géneros derivados de influências dos próprios membros…o flow define estilo.
LEA - Ouvimos que vais deixar ou já deixou os Neblinas, como vai isto afetar o novo disco e a imagem da banda?
MN -
Sim, pretendo dar um tempo indeterminado até que algumas situações internas sejam solucionadas. Um corpo só está com saúde quando os seus órgãos e membros estão em plena funcionalidade e sintonia.
LEA - Houve algum problema para chegares a esta decisão?
MN -
Nada pessoal, mas precisava de aliviar um pouco a tensão dos músculos após tanto tempo no volante do camião. Resultado da falta de apoio "técnico" também, se é que me entendem.
LEA - O que tens a dizer aos fãs dos Neblinas concernente a este assunto?
MN -
É complicado!..mas peço a compreensão dos mesmos porque trata-se de ser profissional
parecendo que não. Na realidade não saí definitivamente, porque o objectivo do projecto não é APARECER mas sim APERECER BEM e se tivermos que fazer alguns sacrifícios…. que assim seja. Acredito que teremos de reproduzir um outro cacimbo no meio do verão com a física da Neblina.
LEA - O que vais fazer agora?
MN -
Acredito que vou aproveitar dar continuidade à alguns dos meus projectos paralelos mas ligados ao Rock enquanto os elementos naturais para formação de um cacimbo sejam descobertos.
LEA - Recomendações para os futuros rockers angolanos?
MN -
Para frente é o caminho e o limite é o céu. Dream…Rock….Make it Happen!
LEA - O que acha você da LEA?
MN -
Acho interessante por ser um canal alternativo de informação relacionada a promoção da cultura angolana nos seus diversos sectores de forma mais natural. Nos mainstream a informação é um pouco mais cuidada/filtrada, no meu ver.