Foi na sequência das iniciativas do saudoso, José Oliveira Fontes Pereira, também conhecido por, Malé Malamba, que nos afirmámos na sociedade colonial de então e julgo que fizemos história, porque muitas das figuras do Ngongo tiveram um importante papel no processo de luta anti-colonial, e, depois, no pós-independência”.
De facto, com a extinção do Club Bota Fogo pela Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE), no dia 5 de Fevereiro de 1961, José Oliveira Fontes Pereira, decidiu fundar o Grupo Músico -Teatral Ngongo elegendo como principal divisa, “Ngongo é sofrimento, é vida”.
O Club Bota Fogo, agremiação desportiva e cultural, foi fundado em 1952, na cidade de Luanda e tinha a sede no Bairro Marçal, junto ao Centro Recreativo e Cultural Maxinde. À época, sentiam-se os efeitos do ataque às cadeias de Luanda pelos heróis do 4 de Fevereiro, num contexto de adversidade das autoridades coloniais ao desfile da primeira Escola de Semba, igualmente fundada por José Oliveira Fontes Pereira,que chegou a ser impedida de participar na edição do Carnaval de 1959.
Com a “intenção de dar continuidade à defesa intransigente da cultura nacional”, ainda nas palavras de Roldão Ferreira, José Oliveira Fontes Pereira recorreu aos antigos membros do Club Bota-Fogo, com destaque para, Armando Correia de Azevedo, Joaquim António Jorge, Quim Jorge, e Ezequiel de Almeida, que, acto contínuo, solicitaram os préstimos de Manuel Pereira do Nascimento, presidente da Liga Nacional Africana, para a cedência de um espaço de ensaio e exibição, passando o Grupo Músico -Teatral Ngongo a Departamento Cultural da Liga Nacional Africana, decisão celebrada no dia 4 de Outubro de 1961, data oficial da fundação do Ngongo.