Durante um dia inteiro de programação dedicada a África foram realizados painéis temáticos que abordaram assuntos como os rituais e o teatro, pintura e literatura, filosofia e história oral.
Isidro Sanene, escritor e artista plástico nascido em Angola, disse à Lusa que a novidade deste encontro consistiu em mostrar a literatura realizada por negros em África.
“Este evento é um marco para a sociedade brasileira porque reforça o protagonismo dos autores negros africanos. Também pudemos contribuir com a desconstrução de um olhar dos brasileiros, que muitas vezes pensam que a África é um continente, algo uniforme, quando na verdade tem culturas totalmente diferentes de um lugar para outro”, afirmou.
O autor explicou que, durante um painel sobre literatura periférica, apresentou a sua vivência e tentou exemplificar um olhar recorrente sobre autores da África.
“Se fizermos uma pesquisa sobre os escritores africanos conhecidos no Brasil vemos que a maioria deles são brancos como, por exemplo, o Mia Couto, o Pepetela e o José Eduardo Agualusa. Estes autores são muito bons, mas muitas vezes como brancos ele apresentam uma África vista pelo binóculo, diferente da África que os autores negros vêem”, disse o autor.