Aconteceu na última sexta, 20, a primeira das duas edições brasileiras do festival Soundhearts, que vai a São Paulo, no Allianz Parque, no domingo, 22. De festival mesmo, contudo, o evento teve apenas o nome: o caráter da Jeunesse Arena, no Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, era mesmo de um show do Radiohead, com o público chegando majoritariamente na hora da apresentação dos britânicos, quando pelo palco já haviam passado o projeto Junun (do guitarrista do Radiohead, Jonny Greenwood) e o produtor Flying Lotus.
Amigo de Thom Yorke, Flying Lotus tinha nome para dividir a responsabilidade da noite com a atração principal, mas o produtor acabou passando quase completamente indiferente à plateia, com uma apresentação apagada e com cara de DJ set. Ele pouco apareceu fisicamente, já que o palco o bombardeou de luzes e imagens (no telão) tão frenéticas e lisérgicas quanto as batidas que ele evocava. Lotus passou pelas colaborações recentes e aclamadas com Kendrick Lamar (“Wesley’s Theory” e “Never Catch Me”) e Thundercat (“Them Changes”), tocou uma versão trap do tema da série Twin Peaks e encerrou com “Na Boca do Sol”, do brasileiro Arthur Verocai, de quem ele é fã. Ele também fez uma aceno a Avicii, DJ e produtor de EDM sueco que morrera naquele mesmo dia.
Quase dez anos depois, o Radiohead voltou a subir em um palco brasileiro quando o relógio já passava das 22h. Os problemas de organização nos dias que antecederam o show foram muitos: a edição carioca do Soundhearts mudou de lugar, de data e depois voltou a acontecer na data que havia sido estipulada anteriormente. Houve pessoas que tiveram o ingresso “devolvido”, já que a pista da Jeunesse não comporta a quantidade de entradas vendidas para a pista do local anterior, o Parque Olímpico. Além destes problemas, o Radiohead sofreu com um som que chegou a apagar por alguns segundos (durante “Myxomatosis”) e embolar completamente a performance de “Everything in Its Right Place”.