Em 2004, eu fui uma das milhões de pessoas sortudas que viram em tempo real quando o seio de Janet Jackson saiu para fora da blusa dela pelas mãos de Justin Timberlake. A imagem que mostrou o mamilo dela coberto por uma jóia foi visível apenas por um segundo, mas esse “nip slip” [como eles chamam quando uma mulher deixa o mamilo escapar para fora da roupa] teve um impacto extremo no show do intervalo do Super Bowl por anos. Com exceção de Prince tocando “Purple Rain” na chuva, os produtores estavam seguindo o caminho seguro com as lendas do rock (Paul McCartney em 2005, Rolling Stones no ano seguinte, Bruce Springsteen e The Who logo depois). A diversão contemporânea havia acabado ali e tivemos que aturar a lenta morte pública de Janet Jackson, superstar negra do pop. E por que? Por um duvidoso “acidente de figurino”? [O termo original, que ficou conhecido no mundo todo, é “wardrobe malfunction”, que seria um mau funcionamento do figurino].
Desde a chegada de seu primeiro estouro, em 1986, o single e álbum Control, Jackson reinou como uma força da natureza da indústria musical. Ela desafiou os limites da música com vídeos complexos, como "Rhythm Nation" (1989), e desafiou normas sexuais com o picante "Any Time Any Place". Janet até mesmo foi capa da Rolling Stone EUA, sem blusa, usando apenas as mãos do então-marido Renee Elizondo para se cobrir.