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A Primeira Viagem: Pink Floyd mudou o rock com The Piper at the Gates of Dawn, 50 anos atrás

A Primeira Viagem: Pink Floyd mudou o rock com The Piper at the Gates of Dawn, 50 anos atrás

| 2017-11-24 10:40:14 | Arte & Cultura | 447
Há cinco décadas, antes de se tornar um titã do rock progressivo, o grupo dava vazão à mente visionária de Syd Barrett

Antes de se tornarem titãs do rock progressivo, os músicos que iriam formar o Pink Floyd começaram de forma convencional. O repertório era basicamente constituído de covers de artistas norte-americanos de R&B, algo bastante similar ao que Rolling Stones, Yardbirds e outras bandas britânicas faziam. Sob o comando inicial de Roger “Syd” Barrett, porém, o grupo iria muito além do blues. O destino de Barrett era borrar os limites entre som e imagem, transformando de maneira sinestésica o que passava em sua mente em um tipo de música nunca ouvido até então.

Logo no início, a formação se fixou em Barrett (guitarra), Roger Waters (baixo), Nick Mason (bateria) e Richard Wright (teclados). Barrett, que rebatizou a banda como Pink Floyd (The Abdabs e The Tea Set foram alguns dos primeiros nomes), era o líder e frontman. A imaginação do jovem se comparava ao entusiasmo que ele mantinha pela ingestão de substâncias alucinógenas.

As apresentações do nascente Pink Floyd em clubes underground de Londres não demoraram a ficar concorridas. A banda apimentava a performance com efeitos eletrônicos e muito feedback, antecipando o rock psicodélico que iria invadir a cena inglesa. Em umas dessas ocasiões, o quarteto foi visto por um professor chamado Peter Jenner, que acabou se tornando empresário dos músicos. Uma de suas primeiras providências foi incentivar Barrett a desenvolver suas próprias e estranhas canções.

Jenner conseguiu um contrato com a gravadora EMI Columbia, resultando nos singles “Arnold Layne” e “See Emily Play”, lançados no primeiro semestre de 1967. A primeira canção falava de um rapaz que roubava peças íntimas femininas de varais de roupa; a segunda era sobre uma garota que Barrett viu dormindo no mato. Não eram faixas convencionais, nem na estrutura nem nas letras. Mas as cativantes melodias de Barrett pegavam instantaneamente. Esses discos de 7 polegadas se tornaram sucesso nas paradas e transformaram o Pink Floyd na nova sensação do rock inglês. Barrett virou um astro, algo com que ele não lidava bem. Começou a exagerar na dose de LSD; seu comportamento foi se tornando cada vez mais errático.

Em maio de 1967, a banda se juntou ao produtor Norman Smith para gravar o primeiro álbum da carreira, no complexo de estúdios Abbey Road. Simultaneamente, em uma outra sala, os Beatles elaboravam Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Mas, apesar de compartilharem da psicodelia, o álbum do Pink Floyd, que iria se chamar The Piper at the Gates of Dawn (o título foi inspirado em um capítulo do livro O Vento nos Salgueiros, de Kenneth Grahame), não tinha muita coisa em comum com a influente obra dos Beatles. The Piper at the Gates of Dawn era uma lisérgica viagem espacial, filtrada através de uma visão que juntava curiosidade infantil e ironia adulta. Se o trabalho do Fab Four transpirava um espírito coletivo, o do Pink Floyd era uma criação quase que exclusiva da mente visionária de Syd Barrett. Como cantor e guitarrista, Barrett se mostrava imprevisível e inovador. As melodias fluíam, mas em um determinado instante, sem que ninguém esperasse, se partiam em dissonâncias e desaguavam em improvisos. Ele sempre fugia do lugar-comum ou do que se esperava dele.

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