Um acordo que permitiria a separação dos ativos norte-americanos do TikTok foi suspenso após a China indicar que não aprovaria a transação, segundo fontes ouvidas pela Reuters. A decisão ocorre em meio às tensões comerciais entre os dois países, agravadas pelo anúncio de novas tarifas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
O acordo, que estava praticamente finalizado na quarta-feira (3), previa a criação de uma nova empresa sediada nos EUA para operar o TikTok no país, com investidores norte-americanos detendo a maioria das ações. A chinesa ByteDance, dona atual do aplicativo, ficaria com menos de 20% de participação. Fontes afirmam que o plano já tinha apoio de investidores e do governo dos EUA, mas a China, onde a ByteDance está sediada, se opôs após a recente escalada de tarifas impostas por Trump.
Em comunicado no WeChat, a ByteDance afirmou que ainda negocia com o governo dos EUA, mas que "não houve acordo" e que "as duas partes ainda têm diferenças em questões-chave". O governo chinês, por sua vez, reiterou sua posição de proteger empresas nacionais e respeitar as leis de mercado, em clara referência às pressões dos EUA.
Novo prazo para evitar o banimento
Trump adiou em 75 dias o prazo para a ByteDance vender o TikTok nos EUA ou enfrentar um banimento no país. O presidente justificou a extensão afirmando que "o acordo precisa de mais trabalho" para ser concluído.
"Minha administração trabalhou muito para um acordo que salve o TikTok, e fizemos progresso significativo", escreveu Trump em sua rede social Truth Social. "Esperamos continuar cooperando de boa fé com a China, que, entendo, não está muito feliz com nossas tarifas recíprocas."
O TikTok está no centro de uma disputa geopolítica desde 2024, quando uma lei aprovada pelo Congresso dos EUA determinou que a ByteDance se desfizesse do aplicativo no país ou enfrentasse uma proibição total. As autoridades norte-americanas alegam preocupações com a segurança nacional e o possível compartilhamento de dados de usuários com o governo chinês.
Impacto nas relações comerciais
A suspensão do acordo ocorre no mesmo momento em que Trump anunciou tarifas de 20% sobre produtos europeus e enfrenta retaliações da China, que elevou impostos sobre importações dos EUA. Analistas veem a resistência chinesa ao acordo do TikTok como mais um capítulo na guerra tecnológica e comercial entre as duas potências.
Enquanto isso, o futuro do TikTok nos EUA permanece incerto. Se a ByteDance não conseguir fechar um acordo aprovado por ambos os governos até o novo prazo, o aplicativo poderá ser banido do mercado norte-americano, afetando milhões de usuários e criadores de conteúdo.
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