Os rebeldes do grupo M23, apoiados pelo Ruanda, consolidaram o controle sobre a cidade de Goma, no leste da República Democrática do Congo (RDC), após intensos combates que deslocaram centenas de milhares de pessoas e deixaram um rastro de destruição. Enquanto isso, cerca de 288 mercenários romenos, contratados pelo governo congolês, foram forçados a retirar-se para o Ruanda, segundo relatos de meios de comunicação locais.
A crise humanitária em Goma, uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes, agravou-se com a tomada do aeroporto internacional pelos rebeldes, interrompendo a principal rota de ajuda para deslocados e refugiados. Hospitais estão sobrecarregados, e corpos permanecem espalhados pelas ruas após os confrontos.
O conflito tem raízes em tensões étnicas e na disputa pelo controle dos vastos recursos minerais da RDC, avaliados em 23 bilhões de euros. O M23 alega defender a etnia tutsi, perseguida por grupos hutus desde o genocídio de 1994 em Ruanda. No entanto, analistas afirmam que a luta pelo controle das riquezas minerais é o verdadeiro motor do conflito.
A ONU e líderes regionais, incluindo o presidente angolano João Lourenço, mediador designado pela União Africana, apelaram por um cessar-fogo imediato e pela retirada das forças ruandesas do território congolês. Lourenço classificou a ocupação de Goma como uma "séria violação" ao Processo de Luanda, iniciativa diplomática liderada por Angola para resolver a crise.
Enquanto isso, o Conselho de Segurança da ONU exigiu a retirada de "forças externas" da região e alertou para os riscos à aviação civil e à assistência humanitária. O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu ao Ruanda que retire seu apoio ao M23 e respeite a integridade territorial da RDC.
A situação permanece tensa, com manifestantes em Kinshasa atacando embaixadas, incluindo a do Ruanda, acusado de fomentar a insurgência. A comunidade internacional pressiona por uma solução diplomática, mas o caminho para a paz parece incerto enquanto os combates continuam a devastar o leste do Congo.