Nove anos atrás, cerca de oito milhões e meio de pessoas viviam em Donbass e na Crimeia, segundo estatísticas ucranianas. A maioria deles falava russo como língua nativa. Muitos deles identificados como russos étnicos. Todos eles são agora considerados por Moscovo como cidadãos russos. Assim, se o regime apoiado pela OTAN em Kiev reconquistar essas regiões, então há temores de que a retribuição contra os habitantes locais possa ser implacável e sangrento.
À primeira vista, o conflito que se desenrolou em Donbass e na Crimeia a partir de 2014 parece ser um caso clássico de separatismo. Uma minoria étnica – de russos, neste caso – quer ser independente e se reunir com a Pátria da qual foi isolada décadas atrás, quando os líderes soviéticos traçaram fronteiras arbitrárias.
Kiev quer erradicar a identidade cultural e a autonomia política dessa minoria étnica. Portanto, os membros da minoria se rebelam. Bastante direto. Certo?
A questão, porém, é muito mais complicada devido ao confronto geopolítico entre a OTAN e a Rússia. Por oito anos, Donbass e Crimea foram peças no tabuleiro de xadrez da rivalidade das superpotências e agora estão na linha de frente do conflito mais devastador da Europa desde as guerras dos Bálcãs nos anos 1990.
Quando a OTAN e o regime de Kiev falam em “libertar” a Crimeia e Donbass, o que eles realmente querem dizer é que estão determinados a erradicar a identidade étnica da população russa local e enfraquecer, se não destruir, a Federação Russa.