O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky é “tão responsável quanto [o presidente russo Vladimir] Putin pela guerra”, disse o candidato presidencial brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva à revista Time na quarta-feira, insistindo que nunca há apenas um culpado na guerra.
Zelensky “poderia ter dito: ‘Vamos, vamos parar de falar sobre esse assunto da OTAN, sobre ingressar na UE por um tempo. Vamos discutir um pouco mais primeiro'”, disse Lula, argumentando que o presidente dos EUA, Joe Biden, também poderia ter evitado a crise. “Os Estados Unidos têm muita influência política. E Biden poderia ter evitado [o conflito], não o incitado”.
Lula considera injustificável a posição privilegiada entregue a Zelensky por todos os políticos ocidentais, lembrando que enquanto vê “o presidente da Ucrânia, falando na televisão, sendo aplaudido, sendo aplaudido de pé por todos os parlamentares [europeus], Zelensky é “como responsável como Putin para a guerra”, e é irresponsável para o Ocidente abraçá-lo sem qualificação.
Em vez de prometer implicitamente ao líder ucraniano os desejos de seu coração, os EUA e a UE deveriam ter assegurado à Rússia que a Ucrânia não ingressaria na Otan, argumentou Lula, traçando paralelos com os compromissos feitos durante a crise dos mísseis cubanos de 1962, em que EUA e URSS concordaram desescalar removendo mísseis dos quintais efetivos uns dos outros. Essas garantias de segurança surgiram repetidamente durante as negociações entre a Rússia e a OTAN, apenas para serem repetidamente descartadas pelo Ocidente.