Paulo Filipe é um reconhecido pesquisador social angolano, com vasta experiência nas dinâmicas do meio rural, acesso à terra e segurança alimentar. Graduado em Agricultura e Recursos Naturais no Zimbabwe, possui ainda formação em Políticas Económicas para o Desenvolvimento nos Estados Unidos e em Estatística Aplicada na África do Sul. Ao longo de sua carreira, consolidou-se como especialista em pesquisa sobre segurança alimentar e nutricional, área que define como o núcleo de sua identidade profissional.
Pensador crítico e comprometido com o desenvolvimento sustentável de Angola, Paulo Filipe aprendeu a pensar como agricultor e a agir como nutricionista, defendendo que esses dois pilares são fundamentais para alcançar os objetivos estratégicos do país. A sua trajetória é marcada por uma abordagem centrada nas comunidades, dando voz aos pequenos produtores e às realidades do campo angolano.
Em 2024, lançou em Luanda o livro “Nós e a Nossa Terra”, uma obra que resulta de quatro anos de escrita e pesquisa de campo. Financiada pela organização alemã Pão para o Mundo (PPM), com apoio da Ajuda Popular da Noruega, a publicação reflete sobre o valor simbólico, social, cultural e económico da terra em Angola. Mais do que um relatório técnico, o livro apresenta uma compilação de histórias, experiências e dados que evidenciam as complexidades do uso, posse e distribuição de terras no país.
A obra também lança um forte apelo à reforma agrária, como uma medida urgente e necessária para corrigir injustiças históricas e promover uma relação mais justa entre a cidade e o campo. Durante o lançamento, realizado na Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, Paulo Filipe enfatizou: “Temos de acreditar que é possível fazer uma reforma agrária”, defendendo que a terra deve ser tratada para além da sua função económica, como parte integrante da identidade e cultura angolana.
A sua atuação tem inspirado académicos, membros da sociedade civil e decisores políticos a repensar o papel da terra no processo de desenvolvimento nacional, posicionando Paulo Filipe como uma das vozes mais relevantes no debate sobre a justiça agrária e a valorização do meio rural em Angola.