Pamina Sebastião, nascida em 31 de janeiro de 1988, no bairro do Cazenga, Luanda, Angola, é uma jurista, artista visual multidisciplinar e artivista reconhecida pelo seu trabalho em justiça social, equidade de gênero e expressão queer. Com uma abordagem decolonial e sócio-imaginativa, Pamina utiliza escrita, audiovisual, fotografia e colagem para explorar o trauma colonial, a política do corpo e novas formas de existência corpórea, frequentemente empregando metáforas como cogumelos e plantas.
Formação Acadêmica
Pamina concluiu sua licenciatura em Direito pela Universidade Católica de Angola em 2011 e obteve um mestrado em Direito Internacional e Relações Internacionais, com enfoque no Sistema Africano de Direitos Humanos, pela Universidade de Lisboa, Portugal, em 2015. Apesar de sua formação jurídica, ela reestruturou sua carreira para priorizar a vida em detrimento do trabalho, rejeitando as lógicas do sistema capitalista.
Ativismo e Movimentos Sociais
Pamina é uma figura central nos movimentos feminista e LGBTIQ em Angola e na África Austral, com mais de uma década de ativismo. Co-fundou o Arquivo de Identidade Angolano, o primeiro coletivo queer feminista de Angola, e a WikiLuanda, uma plataforma dedicada à reparação histórico-cultural na Wikipédia, em parceria com Jaliya The Bird. Além disso, integrou a Ondjango Feminista, o projeto LINKAGES Angola e colaborou com a Associação Íris Angola e a União Africana como voluntária em 2015. É também co-fundadora do Rompe Luanda, um centro criativo para artistas queer e mulheres, e da Tanto Edições, uma editora artística independente.
Atualmente, Pamina atua no conselho da The Other Foundation, conectando arte, ativismo e reformas políticas com uma perspectiva queer, feminista e decolonial. Seu trabalho também inclui consultoria e formação para ONGs, agências da ONU e organizações da sociedade civil.
Carreira Artística
Como artista, Pamina destaca-se por seu projeto Só Belo Mesmo, iniciado em 2019 com textos e ensaios fotográficos, evoluindo para colagens e vídeos em 2020. Este projeto aborda a colonialidade do poder em Luanda, utilizando o corpo como um espaço de reflexão e resistência, configurando-se como um arquivo de artivismo. Suas obras foram exibidas em eventos de prestígio, como a Bienal de Lubumbashi (Congo, 2022), Museo Madre (Itália, 2023), Castel Nuovo (Itália, 2022) e a Conferência Sexo & Público (África do Sul, 2022).
Pesquisa e Artivismo
A pesquisa de Pamina centra-se em reflexões coletivas sobre o trauma colonial e o caminho para a descolonização, propondo o corpo não apenas como um lugar de inscrição colonial, mas também como um espaço de cuidado e novas possibilidades de existência. Sua prática artística combina pesquisa, performance e arte visual, promovendo justiça racial, equidade de gênero e expressão queer.
Premiações
Em 2022, Pamina foi agraciada com o Prémio Semente do fundo Prince Claus da Holanda, em reconhecimento ao seu trabalho em justiça racial, equidade de gênero e expressão queer. Também recebeu um prêmio da comunidade LGBTIQ da Associação Íris Angola, destacando sua contribuição para os movimentos sociais e artísticos.
Contribuições e Legado
Com um compromisso profundo com a justiça social, Pamina Sebastião integra arte, ativismo e política em sua prática, promovendo vozes marginalizadas e construindo novos imaginários para a inclusão e a equidade. Seu trabalho, exibido nacional e internacionalmente, continua a inspirar mudanças estruturais e a desafiar narrativas coloniais, consolidando-a como uma das vozes mais influentes do artivismo angolano.
“Eu- corpo- do tempo que me deixa mas fica do tempo que me habita mas se esquece de um outro que se segue, talvez O meu corpo me conta viagens de histórias adormecidas de uma morte...
| Ano | Premiação | Organizador |
|---|---|---|
| 2022 | Prémio Semente do fundo Prince Claus | Semente do fundo Prince Claus |
| 2022 | Prêmio comunidade LGBTIQ | Associação Íris Angola |