Não é exatamente pela sequência de vitórias políticas que conseguiu amealhar nos últimos meses, que incluem o recorde de empregos e o controle da inflação, que o presidente Joe Biden tem sido lembrado nos Estados Unidos no momento em que completa dois anos de governo.
Nas últimas semanas, o que tem ocupado as páginas do noticiário político, as entrevistas coletivas da Casa Branca e o bombardeio nos corredores republicanos do Congresso são os documentos confidenciais do período em que o democrata foi vice-presidente, na gestão Barack Obama (2009-2016), encontrados em um escritório ligado a ele e em sua casa.
Biden chega à metade de seu mandato em meio a mais uma crise, tendo que tentar explicar como papéis sigilosos do governo americano, de cujo conteúdo ainda não são conhecidos detalhes, foram parar em imóveis particulares, quando deveriam estar na posse dos Arquivos Nacionais. Como agravante, o caso veio à tona meses depois de seu maior adversário político, Donald Trump, virar alvo de uma investigação federal e acelerar um processo de fritura por fazer basicamente a mesma coisa --ainda que em escala maior e com diferenças importantes.
Não se pode dizer, porém, que o democrata não entende de crises. Ele assumiu como presidente há exatos dois anos, em 20 de janeiro de 2021, em meio à maior turbulência política da história recente do país. No período que antecedeu a posse, Trump contestou a derrota sem base na realidade, incentivou apoiadores a invadirem o Capitólio para evitar a certificação do resultado e viajou para a Flórida antes de transmitir o cargo, mantendo os ânimos de uma base radicalizada.